Elogio ou vergonha alheia?
Rita: - Estou meio aflita, meio lisonjeada.
Catarina: - Então?
- O Alexandre lá da revista tentou beijar-me.
- Como assim?
- Como assim “como”? "Tentou beijar-me" explica bem, ou não?
- Dá-me detalhes.
- Estávamos à conversa, e ele, não sei, confundiu as coisas, se calhar achou que havia clima, mas já recapitulei mentalmente todas as nossas conversas, nunca fiz flirt e não estava nada para aí virada. E estamos a rir de qualquer coisa que ele disse e ele, pimba, deu-me um beijo na boca. Quase que me deu, porque desviei-me. Coitado, a cara de vergonha com que ele ficou.
- Esse não é o estagiário?
- Sim, o Alex. Um querido, gosto imenso dele mas, por amor de Deus, tem idade para ser meu filho.
- Que exagero, que idade é que ele tem?
- Ok, já tem pelos no peito, mas vive com os pais.
- Que amor. Gosta de ti por amor, como diz o meu filho.
- Ele é que tentou saltar-me à boca e eu é que estou à rasca, sem saber como reagir quando amanhã o vir no escritório. Mas que me fez bem ao ego, fez.
- Claro, és uma MILF.
- Ai, que horror, não digas isso.
- O puto gosta de mais velhas, que bom.
- Para quem? Para ele? Coitado, já nem tenho idade para ter filhos.
- Tens 60, queres ver.
- Não, mas quase 40.
- A Joa...
- Sim, já sei, há sempre alguém que teve filhos depois dos 40, eu sei, era só maneira de dizer, não acho propriamente que eu seria um bom partido para ele.
- Até porque és casada.
- Isso são detalhes.
- Hahahaha, velha mas engraçada.
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