Quando um filho teu entala o dedo
Hoje o meu filho de 2 anos entalou o dedo como deve ser. Porta fechada em cima do (minúsculo) polegar. E o meu estômago aperta, o meu marido zanga-se com o amigo que lhe fechou a porta do carro no dedo, eu corro para lhe dar colo, e quero abraçá-lo para sempre e quero que o meu “beijinho mágico”, que sempre dei nos “doi-dóis” dos meus filhos, continue a funcionar.
E depois olho de perto para o dedo já inchado, uma cova enorme que comprova que o entalão foi à séria, e ele chora e eu angustiada, corro até uma torneira e ponho o dedo mínimo por baixo da água fria a correr.
O meu marido ainda zangado com o amigo, eu digo-lhe baixinho “foi sem querer, ele já está aflito o suficiente, coitado” e o meu marido sabe disso, foi a reacção, a defesa. O reflexo. Os pais sofrem. O miúdo entala o dedo, e todos sentimos a dor. Mas mexe o dedão, já mostrou que sabe fazer o “fixe”, eles são de borracha.
À mesma preferia que tivesse sido o meu dedo no acidente da porta a fechar-se, mas provavelmente o meu teria ficado partido. Grande Matias, meu valente bebé.
E num instante, ainda o meu coração está apertado, ele já brinca com os carrinhos e está a rir, e já não diz “foi o menino”, perdoou o amigo do meu marido, que fica aliviado. Mas este amigo nunca mais se vai esquecer disto, ao contrário do Matias.
Uma história para contar no futuro, como a do meu irmão gémeo, que foi no carro também, mas entalou a mão toda, e lá mexeu os dedos para agarrar as chaves e o alívio foi geral. E nós não nos lembramos disto, mas os meus pais não se esquecem e contam a história volta e meia, como fizeram hoje, a propósito do acidente matinal.
Pais sofrem e os miúdos também. É ou não é verdade?
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