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É… especial. É diferente. O livro e a protagonista.
Nas primeiras páginas confesso que me passou pela cabeça “que tipo de mulher é ela, onde é que me fui meter ao abrir este livro?” mas acabei encantada e cheia de empatia.
A Eleanor tem uma rotina “normal”. Casa-trabalho-casa-trabalho-às-vezes-dá-uma-volta…
Não tem amigos mas não se identifica com ninguém.
Um pouco como a história que adoro da autoestrada:
Uma mulher liga ao marido a avisar:
“ - Cuidado, parece que há um louco em sentido contrário na autoestrada”
E ele responde:
“ - Um? Estão todos!”
Ela é um pouco este… louco. Mas não é maluca. Simplesmente as outras pessoas é que não lhe interessam.
À medida que a vamos conhecendo, vamos percebendo o porquê deste isolamento. E acompanhamo-la na transição do “os outros é que estão errados” para o “uau, é assim que as pessoas agem? É isto que é suposto fazer?”
Temos noção das regras sociais a que estamos habituados mas há tantas que já nem reparamos que é isso que são: regras. Ensinamentos que já nos são naturais. Como comer de boca fechada (ok, esta não é assim tão universal). Andar vestido na rua. (Não é o caso dela.)
Enfim, detalhes já intrínsecos na maioria das pessoas que vivem em sociedade, por mais que depois se possam sentir sozinhas... A Eleanor não está apenas sozinha. Está isolada. Vive em solidão e faz todo um caminho até perceber isso.
E nós também demoramos a entender que é bem mais complexo do que parece. E que a nossa vida até hoje é capaz de ter sido bem melhor e mais fácil, por mais que nos queixemos.
Somos diferentes mas sentimos o que ela sente (graças ao talento da autora) e cria-se empatia.
Enfim, não me vou alongar. Leiam e aceito opiniões.
Marta
Sep 08, 2019