Mãe galinha (ou medrosa) confessa-se
No outro dia almocei com uma amiga e foi óptimo. Ela regressada de férias, eu a querer matar saudades.
Contou-me da praia, dos miúdos, do escaldão naquele dia nublado em que se esqueceram de pôr creme. Eu contei-lhe episódios do trabalho, lembrando-me a meio que isso não interessa para nada, ainda menos para quem conseguiu desligar umas semanas.
Num resumo falei-lhe das férias que se aproximavam e que, pela primeira vez, íamos os 5 apanhar um avião. Mãe, pai e filhos. E contei, meio envergonhada, meio corajosa, que parecia que nem estava com medo porque íamos juntos no mesmo voo.
Quem também tem medo de andar de avião?
À mesma não quero que o avião caia, escusado será dizer, mas pelo menos desta vez não sofri por antecipação. A cada filho que tive parece que aumentou o medo de andar de avião, disparate não é? Pior então porque não é só esse o medo que ganhei. O espírito de aventura foi-se. E era natural e descontraído. Foi-se nas ousadias e riscos e pequenos detalhes que se tornaram ameaças à segurança.
E a minha amiga falou no receio dos parques infantis, nas longas viagens de carro, muitas delas que até evitou. E eu acrescentei que é ao chegar a casa que pareço conseguir relaxar porque eles estão seguros, enfim, mesmo que depois venham os banhos, os TPCs, as birras, o cansaço (poderia estar incluído nas birras porque às vezes também as faço, em versão adulta) e o jantar.
Mas que bom que é perceber que não sou louca ou desmesuradamente mãe galinha. Ou talvez o seja, mas não sou a única e só saber isso é um alívio. Até imaginar uma viagem grande sem eles é uma preocupação, ou por exemplo a adolescência que ainda não chegou.
Confere: posso não ser a única mãe galinha, mas estou tramada.
Rui Chaves
Feb 28, 2019Mariana Alvim
Feb 28, 2019Sara
Jan 03, 2019